Setembro Amarelo reforça prevenção ao suicídio no Brasil
Neste mês de setembro, no qual o Brasil reforça o alerta para a prevenção do suicídio, o alerta é para a atenção aos sinais e para a necessidade de se buscar ajuda. Muitas vezes, não é dada a devida atenção aos sintomas. Esses podem ser identificados de forma imediata, como em surtos de esquizofrenia, por exemplo, ou acontecem de forma mais reservada, como na ansiedade e na depressão. Todos exigem avaliação médica.
O diretor técnico do Hospital
Psiquiátrico Professor Severino Lopes, Jair Farias, explica que, para a
psiquiatria é possível identificar um transtorno mental quando o indivíduo
apresenta comportamento que foge do seu limite pessoal e intelectual. “É algo
que foge dos padrões aceitáveis para a idade, desenvolvimento e nível
intelectual. É um indicativo. Muitas vezes se retarda um diagnóstico porque a
tendência da família é encontrar outras explicações, mas a definição vem
com a análise de um profissional”, alerta o médico.
Aos 16 anos, o filho de Maria
(nome fictício), teve um surto esquizofrênico. Ele nunca havia apresentado
sinais evidentes, segundo ela. Foi com ajuda médica que o jovem conseguiu se
recuperar sem necessidade de internação, manter a vida pessoal e profissional
sem ser afetada pelo problema, uma vez que tomava a medicação adequada.
Contudo, 10 anos depois, o filho
começou a questionar seu diagnostico. E assim começou a fazer o “desmame” dos
medicamentos com o acompanhamento médico, reduzindo as doses para observar os
resultados.
Infelizmente, não demorou para
seu comportamento começar a mudar. Teve delírios, interpretação distorcida da
realidade, alucinações auditivas e olfativas, enfim, culminou em novo surto
esquizofrênico. “Com o organismo desestabilizado foi difícil convencê-lo a
voltar a tomar a medicação na dosagem anterior, que novamente tinha que ser de
forma gradativa. Então ele, consciente da doença, pediu para ser internado”,
conta a mãe.
O tratamento seguiu e o jovem
conseguiu se recuperar mais uma vez. Mantém o tratamento e a medicação em dia e
leva uma vida normal, sem problemas referentes à esquizofrenia.
Nessa situação, a ajuda que
recebeu foi fundamental. Maria destaca que uma pessoa desestabilizada,
desestabiliza a família toda. Há o medo de uma crise sem que não tenha ninguém
perto para acolher, o medo dele abordar pessoas, agir com violência, fugir de
casa. “Eu não queria internar, mas se você não cuida, pode acontecer até uma
tragédia, seja ele causar a ele mesmo, a outras pessoas, ou sofrer em
conseqüência de um comportamento não compreendido pelos outros”, diz.
A doença mental é um transtorno
a nível neuroquímico do cérebro e as causas podem ser genéticas ou externas. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que em 2019, quase um bilhão de
pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com algum transtorno
mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos
suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade.
Entre os problemas que mais
atingem a saúde mental das pessoas está a ansiedade e a depressão. “A depressão
acontece geralmente com a redução da atividade motora do indivíduo. Numa
comparação dele com ele mesmo e com os outros membros da família, é possível
ver sinais de alerta, mas o diagnóstico clínico é mais amplo que o
comportamento”, explica Dr Jair Farias.
Ao identificar os sinais de
transtorno mental, a busca por ajuda profissional é importante para o sucesso
do tratamento. Neste ano, a campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao
suicídio, está focando na necessidade do indivíduo em reconhecer seus limites e
pedir ajuda, buscando conscientizar a população sobre os fatores de risco para
o comportamento suicida e orientando para o tratamento adequado dos transtornos
mentais e da ideação suicida.
O Hospital Psiquiátrico
Professor Severino Lopes, por exemplo, terá uma ação especial na próxima
sexta-feira (1), com os profissionais das especialidades de psiquiatra,
psicologia, serviço social, enfermagem, terapia ocupacional, educação física,
fisioterapia, entre outros. Será das 8h às 12h, para orientação e realização de
atividades de autocuidado e de prevenção.
As ações de prevenção e
atendimento são permanentes, mas no dia 10 de setembro – Dia Mundial de
Prevenção ao Suicídio – o Hospital promove a “2ª Caminhada Mente em Movimento”,
a partir das 7h, até o Parque das Dunas, com uma série de atividades. A
camisetas custam R$ 35 (+ um kit higiene) na recepção da unidade ou pelo
contato (84) 98138-4070.
Foto: Adriano Abreu
Fonte Tribuna do
Norte
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